Os 40 Dias de Ingenuidade

Apesar da situação do templo, e sobretudo, apesar da situação da casa onde deveríamos morar, iniciamos a restauração sem saber muito e sem fazer muitas perguntas.

Tínhamos cerca de 40 dias para a reabertura da igreja, e muitas pessoas (de diferentes esferas) circulavam de um lado para o outro transmitindo-nos entusiasmo e dando-nos forças. Chegou o momento em que experimentamos o grande peso da responsabilidade; haviam-nos confiado um trabalho que era motivo de interesse de toda a cidade e mais além.

Agora, recordando aqueles dias, me dou conta de nossa enorme ingenuidade.

Mas como disse, colocamos mãos à obra. Tínhamos que restaurar pelo menos a metade da iconostase, restaurar os três grandes ícones de Jesus, São João Batista e São Gabriel Arcanjo e limpar os ícones pequenos da parte superior; nos encarregamos de que a igreja estivesse pintada por fora, os vidros quebrados substituídos e as luminárias novas em seu lugar.

Até os grandes buracos do teto da casa, por onde podíamos ver as estrelas a cada noite, nos pareceram românticos e pitorescos.

Padre Theodoro nos havia dito que faria trocar as telhas do teto, mas sabíamos que o Instituto estava gastando um montante enorme, ainda que tão pouco estávamos sabendo a respeito dos termos do contrato assinado com a Prefeitura naqueles dias, nem até onde o Instituto deveria lidar com os gastos da restauração.

As paredes estavam seriamente rachadas, e chovia por todos os lados, mas pensamos que isso seria temporário; além disso, era impossível (sequer de se pensar) que nos deixariam viver os 3 anos que levaria a restauração, no perigo de desmoronamento da casa e naquelas condições, que vendo do ponto de vista real, era mais que precária, era indigna.

Mas tudo bem, somos restauradores, artistas e o templo era uma joia que devia ser salva a qualquer custo, assim que com a esperança de que tudo mudaria depois da reabertura, conseguimos concluir a tempo o trabalho.


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